Você sabia que a perda de audição pode aumentar o risco para demência?
De acordo com estudos realizados pelo Instituto Locomotiva em conjunto com a Semana da Acessibilidade Surda (Instituto Locomotiva a partir da PNS 2013 e PNAD 2017) há mais de 10 milhões de pessoas com deficiência auditiva no Brasil, atingindo homens e mulheres de todas as idades, mas especialmente os mais velhos.
Quantas pessoas conhecemos que apresentam dificuldades para escutar a televisão, ou para compreender a fala da outra pessoa quando está em um ambiente com muito barulho, ou até mesmo com a queixa de que escuta e, não entende? Estas pessoas podem apresentar alguma deficiência auditiva e faz-se necessário uma intervenção imediata para diminuir o risco para outras doenças.
Ouvir vai muito além de apenas escutar o som com as orelhas, sendo que para localizar uma fonte sonora, perceber sons, discriminar e compreender uma informação sonora é necessário que o Sistema Auditivo esteja íntegro e trabalhando em sincronia. A audição seria como os ouvidos conversem com o cérebro e como o cérebro compreende o que os ouvidos lhe contam (MUSIEK 1988).
Segundo um estudo australiano (FORD et. al.,2018) a perda auditiva já na meia idade pode estar associada ao aumento do risco de demência e com intervenção precoce isto pode ser mudado. Devido a perda de audição, o individuo deixa de receber estímulos auditivos como barulho do vento, de folhagens, passos de outras pessoas, vozes e consequentemente o cérebro também deixa de receber estes estímulos podendo desenvolver ou agravar algum tipo de demência.
O uso de aparelhos auditivos auxilia na recuperação das habilidades auditivas, estimulando o sistema auditivo e assim também diminuindo o risco para demência.
Devemos explicar aos familiares e amigos que, atualmente, os aparelhos auditivos possuem uma excelente tecnologia e cada pessoa necessita de uma regulagem, ajustes específicos para que volte a escutar sons que com a perda auditiva não são capazes de ouvir e que a falta de estimulação sonora pode acarretar em problemas cognitivos, como de memória, atenção, raciocínio.
Portanto, se você conhece alguém ou se você apresenta algum tipo de dificuldade auditiva consulte seu médico otorrinolaringologista e o fonoaudiólogo para uma avaliação e assim buscar uma solução imediata.
Referências Bibliográficas
Ford AH, Hankey GJ, Yeap BB, Golledge J, Flicker L, Almeida OP. Hearing loss and the risk of dementia in later life. Maturitas. 2018 Jun;112:1-11. doi: 10.1016/j.maturitas.2018.03.004. Epub 2018 Mar 13. PMID: 29704910. MUSIEK, F. E.; GOLLEGLY, K. M. Maturational considerations in the neuroauditory evaluation of children. In: BESS, H. Hearing impairment in children. Maryland: York Press, 1988. cap. 15, p. 231-250.
Anna Caroline Silva de Oliveira
Fonoaudióloga e Mestre em Fonoaudiologia
CRFa 2 – 19952